quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Motel Animal

Os cães são animais realmente muito interessantes, seja pelo carisma que possuem, pela fidelidade ao seu dono que é tão marcante, enfim. Ou ainda pela maneira como eles realizam a, digamos, procriação. Foi o que aconteceu com a cachorra da Rebeca, uma amiga minha. (odeio esses duplos sentidos)

Seguinte: Luly, a cachorra da Rebeca, estava no cio, e ela queria que a cadelinha cruzasse com algum cachorro de bom partido. Aí, ela lembra do cachorro da sua prima Paulinha, filha da Zoraia, sua tia (claro, né).






Ela liga pra tia e:

“Tia, é o seguinte, a Luly tá no cio, e assim, queria que ela cruzasse com o cachorro da Paulinha, o Toby...”

“Hum, que ótima idéia, ele tá mesmo super tristonho e carente, sabe? Quando você pode trazer ela pra cá?”

“Ah Tia, acho melhor não levar ela pra sua casa, vai que ela não goste, se sinta em um lugar estranho e queira fugir, né... É melhor trazer o Toby pra cá, o quê que você acha?”

“Ah... bem... se você acha melhor pra Luly, tudo bem, vou pedir pra Paulinha ir aí deixá-lo, tá?”

“Tá ok, brigado, Tia!”

Aí, a Paulinha, 10 anos, super apegada ao seu cãozinho, o deixa na casa da Rebeca, que morava uma rua depois da casa dela. Depois dela dar várias recomendações de como cuidar dele, do que ele não podia comer, de como deixar o pelo dele sempre limpo, do que não falar na frente dele para ele não se estressar (?), finalmente ela o entrega pra Rebeca.

“Paulinha, pode ficar tranqüila, aliás, nem vou precisar fazer nada, é só enquanto eles cruzam, depois vou deixá-lo na sua casa.”

“Ah, mesmo assim, sou muito apegada ao Toby, viu! Ah, tomara que a Luly não faça nada que machuque ele... “

“Olha, machucar com certeza não, pelo contrário...”

“O quê?”

“Não, nada, hehe, muito obrigada, tá, até mais tarde, beijos”

Depois dela finalmente dispensar a prima, ela o coloca junto com a Luly para que eles possam ter os primeiros contatos (é o momento em que o cachorro vai ‘queixar’ a cachorra, só que, claro, da forma canina).





Eles se olham amigavelmente por um momento, mas logo se estranham.

“Luly, vai lá, fica aí com o Toby, olha como ele é lindo? Fiquem aí, já já eu volto.”

Mas eles não conseguem se dar bem. Se avançam logo, mas era de raiva um do outro, e passam a tarde brigando, sem a menor chance de sair dali um romance ideal. Já cansada de ouvir latidos raivosos de ambos, Rebeca decide levar Toby de volta pra casa. Estava tomando banho, quando alguém chama lá fora. Era sua vó, que se esgoelava na calçada pra ela abrir logo o portão.

“Ô Rebeca, você tá aí? Abre aqui pra mim, o sol tá quente!”

A Rebeca sai só de toalha, toda molhada, pra abrir o portão. Ela ainda coloca uma toalha na cabeça pro cabelo não molhar o chão.

“JÁ VAAAAAAAAAI VÓ!”

Ela sai apressada pro portão, vê que ele não estava trancado e diz à sua vó que ela pode entrar. Ela não entende.

“Como é, minha filha?”

“A senhora pode entrar, vó, ele tá aberto!”

A vó dela, Dona Esmeralda, já não tinha mais a mesma audição de quando era mais jovem. A Rebeca ainda diz:

“Vó, só toma cuidado com o cachorro da Paulinha, pra ele não sair.”

“Oi? Ah, tá, pra trancar o portão agora, né? Tá certo.”

“Não, é pra não deixar o cachorro sair!”

“Pra pegar o portão e abrir? Tá bom!”

E escancarou o portão. O cachorro acabou fugindo e Rebeca se desespera.

“VALHA ME DEUS CHEEEGA VÓ, O CACHORRO DA PAULINHA FUGIU CORREEEE!!!”





A Rebeca sai correndo no meio da rua, parecendo um furacão. E saiu do jeito que estava, enrolada com uma toalha e com outra na cabeça. A coitada da vó dela ficou parada no portão sem entender nada. Na mesma hora, a mãe da Rebeca aparece e não entende nada também. Aí, Rebeca grita:

“MÃE ME AJUDA A PROCURAR O CACHORRO DA PAULINHA!”

“VALHA MINHA FILHA COOOORRE!”

Saem as duas em desabalada carreira pra procurar o Toby. Se separam; cada uma vai pra um lado da rua, até Rebeca ver ele dobrando a esquina. “Mãe, ele foi praquele lado ali!”, diz Rebeca, nervosa. As duas correm e dobram a esquina também, e começa uma perseguição desenfreada similar a de policiais em busca de criminosos, só que era de duas mulheres distintas em busca de um cachorro. Pessoas que estavam nas ruas tentam ajudar, informando a elas pra onde ele teria ido, mas ele era rápido demais, e logo elas o perderam de vista.

Rebeca estava quase sem roupa no meio da rua, toda descabelada/assanhada, a toalha da cabeça já tinha caído em algum lugar, uma situação lamentável. Até que ela senta na beira de uma calçada e desiste, esgotada.

Sua mãe aparece logo depois, mais cansada ainda. E sem notícias boas.

“Ah minha filha, tô mais sofrida que suvaco de aleijado e nada, nem sinal desse cachorro. Onde é que ele foi parar?”

“Mãe, eu não sei, só sei que eu tô cansada de procurar. Ele deve ter se enfiado em alguma rua muito distante daqui, vamos passar o dia inteiro procurando... Ou então alguém deve ter pego-o e virado dono dele.”

“Minha Nossa Senhora, como vamos dizer pra Zoraia que o cachorro fugiu?”

Rebeca sentiu um frio na espinha. E ainda lembrou do pior.

“E como vamos falar pra Paulinha? Ela é louca por aquele cachorro. Bendita hora em que eu resolvi colocar a Luly pra cruzar. E o pior é que nem isso ela quis. Saí no prejuízo em tudo! E mais, saí correndo feito uma doida no meio da rua só de toalha, em tempo de cair e eu ficar pelada aqui, já pensou se o meu namorado me vê nesse estado, mãe? A senhora viu aquelas senhorinhas fofoqueiras da rua de baixo? Todas comentando da minha carreira pra pegar o cachorro. Que ótimo, viu.”

Abatidas, elas voltam pra casa ensaiando o que iriam dizer pras donas do cachorro. Abrem o portão de casa e levam um susto quando vêem a Vó Esmeralda, a Zoraia e a Paulinha sentadas no sofá assistindo televisão. As três levantam de uma vez e as enchem de perguntas:

Zoraia: “Rebeca, cadê o Toby?”

Paulinha: “Tia, ele fugiu?”

Vó Esmeralda: “Minha filha, ele chegou a cruzar com a Luly ou só enganou a bichinha?”

Zoraia: “Ele foi atropelado? AI MEU DEUS!!!”

Paulinha: “Ai, me diz onde ele tá!!!!!!!!!!!!!”

Vó Esmeralda: “Mas porque que você pediu pra eu abrir o portão, Rebeca? Eu ouvi muito bem, viu!”

Paulinha: “EU QUERO MEU CACHORROOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!”




As duas começam a chorar também, e tudo virou um barulho só que ninguém se entendia. Choro vai, choro vem, a Paulinha quis desmaiar, foi um drama medonho.

Depois de um tempo conseguiram explicar pra menina que o cachorro fugiu. A Rebeca chegou ainda a ir na casa da Paulinha pra ver se o Toby tinha aparecido por lá mas nem isso. Elas prometeram que iriam dar um filhote da Luly quando ela cruzasse com algum cachorro, e foi isso mesmo; alguns meses depois, Rebeca deu um cachorrinho novo dos que tinham nascido da primeira “embuchada” da Luly, com o cachorro de uma amiga dela da faculdade (que conseguiu seduzi-la bem direitinOPA ENFIM).

Bom, com essa história toda aprendemos que: não deixe seu cachorro fazer amor na casa alheia, ele pode não se sentir bem. Pague um motel pra cachorros, é bem melhor. Bjs.


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