domingo, 21 de outubro de 2012

Avenida Brasil

Na última sexta (19) chegou ao fim um dos maiores sucessos televisivos que temos notícia. Não, não estou exagerando. Avenida Brasil conseguiu não só subir a audiência no horário como fez as pessoas só falarem disso nos últimos meses. A história de vingança da Nina/Rita (Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves) grudou em frente a televisão milhões de pessoas curiosas em acompanhar os desdobramentos da trama e o seu desfecho, que teve média de 51 pontos de audiência, com picos de 54. Até repercussão internacional a novela teve.


Oi Oi Oi


Todo esse sucesso causou, como sempre, aquela velha discussão acerca da dependência das pessoas em um objeto criado por um veículo midiático. Assim como vi muita gente falando maravilhas da novela, do exemplo de atuação dos protagonistas, do enredo ágil e eletrizante, vi também comentários explicando como é lamentável um país todo se tornar refém de uma novela, a alienação que um canal de TV passa para aqueles 'menos esclarecidos', do lucro que é gerado à favor de um grupo já extremamente rico, e tal e coisa, coisa e tal e whiskas sachê.


Raça dos vencedores


Há fundamento nessas críticas, claro. O que a TV causa na população é reflexo do que ela é. Ou melhor: a TV se adapta ao que o povo deseja ver. Isso não muda se a população é 'menos favorecida' ou não. Programação de qualidade não é difícil de encontrar, tem uma porção de canais que dedicam a um público exigente programas que satisfazem seus gostos mostrando coisas que, digamos, constroem a personalidade e o conhecimento de forma correta e sensata. TV a cabo, principalmente.


Eu quero ver tu me chamar de amendoim


Mas o Brasil é isso aí que nós vemos todos os dias nos jornais: pessoas que lutam, que dedicam sua vida a trabalhar arduamente para sustentar sua família, que na maioria das vezes não tiveram como se instruir como aqueles que criticam a novela, seja por conta da situação financeira, do governo, da abdicação da juventude para trabalhar, enfim.

"Ah, mas a novela aliena as pessoas". SIM! Mas gente, o que vocês queriam? Que a Globo mostrasse no seu horário nobre a forma como os búfalos silvestres da Tanzânia buscam alimento? Como a revolução industrial contribuiu para a formação do mundo moderno?

O senhor não vai morrer, vão matar o senhor
Não. O povo 'menos afortunado' gosta disso que ela mostra mesmo, histórias de casais que vão em busca do amor em meio a desafios, pessoas que se submetem as mais variadas situações em busca de seus sonhos, brigas, barracos, música de baixa qualidade, mulheres seminuas... esse é o Brasil que conhecemos, e não vai ser hoje ou durante uma novela que ele irá mudar seus costumes. É uma coisa mais enraizada, que está atrelada a vários outros fatores.

Achei a novela legal sim, excluindo algumas partes mais desconexas, e não me arrependo em nenhum momento em ter utilizado meu tempo assistindo-a. Poderia ter feito outras coisas mais proveitosas, é verdade, mas eu não estive afim de saber como os búfalos silvestres da Tanzânia buscam alimento. Estava afim de assistir novela, e olha, foi muito bom essa alienação que eu tive durante esses últimos meses.

Se você chegou até aqui e achou todo esse texto uma grande perda de tempo, tudo bem, pode voltar a realizar suas atividades normais, como, por exemplo, assistir suas séries americanas favoritas. Não vou lhe chamar de alienado porque né, são coisas completamente diferentes. Abçs.





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