terça-feira, 24 de abril de 2012

O dia em que levei uma pedrada na cabeça

Calma, gente, tá tudo bem, eu não morri depois da pedrada nem tive efeitos colaterais quer dizer, sou meio lesado, mas isso vem desde antes da pedrada. Sim, é verdade mesmo, levei uma pedrada, mas a pedra era pequena, tão pequena que eu nem senti ela cair na minha testa (mas fez um estragozinho, viu.) Vou explicar:




Acho que foi em 2003, cursava a 8ª série num colégio municipal aqui perto da minha casa. ODIAVA aquela escola, 70% dos alunos eram maloqueiros e piriguetes, tinha bagunça sempre, professores faltavam, uma boa parte das aulas eram mal ministradas, enfim, um horror. Meu sonho era terminar logo o ensino fundamental lá e correr pros braços do Colégio Castelo Branco, meu irmão já estudava lá e falava maravilhas. Quando fui pra lá vi que não era essa maravilha toda, mas ainda assim foi o melhor colégio que já estudei. Mas isso fica pra outra postagem.

Entonces, lá estava o personagem desta história esperando o intervalo acabar para o professor chegar na sala e dar a aula. Eu e toda a turma esperávamos do lado de fora, porque quando o professor saía pro intervalo, ele trancava a sala, visto que o índice de objetos que sumiam da sala era muito alto DAÍ VOCÊ VÊ COMO ERA O NÍVEL DA ESCOLA, NÉ.

Como sempre acontecia, uma reunião rápida de professores fez com que eles se atrasassem, e, a galera toda achando que já não ia mais ter aula, começaram a badernar no pátio brincando de lutas e jogando coisas uns nos outros. Eu já estava lá no canto me escondendo dessa confusão toda quando algo me atinge na cabeça. Era uma pedrinha. Tá, tá bom, era uma pedra pequena meio pesadinha. "AFFFFFF CONDENADOS, JOGARAM UMA PEDRA NA MINHA CABEÇA BANDO DE VAGABUNDOS", pensei (pensei né, se eu tivesse falado mesmo pra eles acho que não estava nem aqui pra contar essa história).

Só que doeu pouco, continuei lá escorado na parede normal como antes. Depois um colega meu chega, me olha, faz aquela cara de espanto típica de quando você vê uma barata cascuda pousando na cabeça de alguém:

TIEGO TUA CARA TÁ SANGRANDO MEU DEUS ALGUÉM AJUDA AQUI!!!!!!!!!!!!





Eu fiquei paralisado. Motivos:
1. Minha cara tá sangrando?
2. Mas tipo, muito?
3. Tanto que eu tô precisando de ajuda?
4. Cara, não faz essa cara de espanto que você fica parecendo o Marquito fazendo careta, por favor.

Logo, chove de gente pra me ver, e eu sem entender nada. Passo a mão na minha testa, tá inchada e com muito sangue. SANGUE! Mas foi só uma pedrinha! Sou lesado, viu.


Umas 8 mãos me levam simultaneamente pra sala da diretora. Ela não estava lá. Me levam pra coordenação. "Gente, que foi isso, menino?" "NOSSINHORA OLHA COMO TÁ INCHADO!" "Meu filho, você tá lúcido ainda?" e outros comentários que me tranquilizavam tanto, sabe. Lá vem a tia da cantina com um pano cheio de gelo dentro, taca com tudo na minha testa e AÍ SIM doeu pra caramba. Fiquei lá com aquele negócio em cima da ferida e respondendo perguntas no estilo "interrogatório criminal". Putz, eu lá tinha o que dizer! Levei uma pedrada de sabe-se lá Deus quem, foi apenas isso.

A diretora aparece. "O que houve aqui?", ela disse. Eu já tava amarelo de falar o que tinha acontecido, ela perguntou se tava tudo bem, e depois de um mini-discurso sobre como a administração da escola mudou depois que ela chegou e sobre como ela não entendeu como isso aconteceu na gestão dela, ela diz:

"Eu não vou descansar até saber quem foi que jogou essa pedra na sua testa, meu filho."

Até hoje nunca descobri.
Voltei pra sala de aula, todos me olhando, eu querendo me esconder. Queria ter ido pra casa, mas ainda tive que ver aquela aula-porre, até as 17h , saí de lá parecendo um doidin com a cara inchada só de um lado. E quando cheguei em casa, o susto que minha mãe levou? "MENINO DO CÉU O QUE FOI ISSO NA TUA TESTA?"




"Ah mãe, foi isso e isso e isso tal."
"Vou tirar você deste colégio!"
"Ah mãe, já estamos no final do ano, deixa assim mesmo, ano que vem eu me livro de lá."
"Mas meu filho, que absurdo, isso não pode, meu Deus..." e outras coisas que só as mães que amam muito os seus filhos falam. :)


Pronto, foi isso. Depois deste dia virei motivo de piada e bullying no colégio: "olha ali o apedrejado! hahahah" "e essa testa com um lado maior que o outro, hein? huahuahua". Mas superei. E desde então eu sempre me policiei pra nenhuma pedra cair na minha cabeça, até hoje vem dando certo. Aliás, acho até que isso tudo foi bom, me deixou mais atento pras coisas, quem sabe até mais esperto. Olha, acho que todo mundo devia levar uma pedrada na cabeça alguma vez na vida.

Ei, peraí, não venham testar essa teoria jogando pedras na minha testa não porque a minha pedrada eu já levei!




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