sexta-feira, 18 de maio de 2012

A banalização e a valorização do amor

  
Dia desses estava no ônibus indo pra casa quando escuto uma discussão de relacionamento (DR) de um casal que estava sentado atrás de mim. O rapaz dizia assim:

"Jacinta, eu vi, dessa vez não foi ninguém que me contou não, eu fui lá e vi, vi você ficando com outro cara, como é que você faz isso comigo, Jacinta?"

Ela respondeu:

"Ah amor, isso foi bobagem, esquece isso, esse cara que eu fiquei não sabe nem o meu nome, deixa isso pra lá..."

"Como é que você quer que eu deixe isso pra lá? Você é minha namorada, SÓ MINHA!"

"Eu sei amor, mas, poxa, vamos esquecer isso, já passou, você sabe que eu gosto só de você."

"Não quero saber! Eu sempre fui um ótimo namorado, faço tudo o que você quer, sempre estou disposto pro que você quiser, te amo de verdade e aí você me agradece fazendo um negócio desses? Tá tudo acabado entre nós!"

"Ah não Leôncio, tu vai terminar comigo por causa de uma besteira dessas?"

"Besteira? *começa a chorar* Você nunca me amou de verdade, isso sim! Eu gosto demais de ti, tanto que nem sei dizer, mas depois disso, eu não quero mais saber de você!"

"Leôncio, amor, não faz assim, não seja tão cruel, isso é normal hoje em dia, e olha, já passou, eu gosto mesmo é de você, *começa a chorar também, mas um choro fingido* não diz que vai acabar tudo, eu te amo de verdade também..."

Ela logo para de chorar. Ele continua. Discussão vai, discussão vem, até que eles finalmente descem do ônibus. Ele com a cara inchada de chorar, ela tão normal quanto a cara de um político quando nega acusações de desvio de verba na frente de jornalistas.


Gente? É, eu sei que as coisas estão mudadas, os conceitos de amor & relacionamento estão em níveis mais evoluídos mas olha, achar que isso é normal eu não acho. Pelo menos na minha concepção, ter um relacionamento à parte, dentro de um outro relacionamento, a famosa puladinha de cerca, é no mínimo uma desconsideração total com a outra pessoa.

Relações liberais existem, sim, muita gente vive assim, fica com uns e outros mas não largam o(a) 'oficial', mas quando isso é de comum acordo entre os dois. E quando só uma das partes sabe disso e age como se fosse normal? Nesse caso que citei acima, além do Leôncio a partir dali sofrer por amor porque sua ex-namorada não lhe dá valor, ele ficará sozinho e ainda é corno.

Mas nem tudo são pedras no caminho do amor. Nessa semana, ao conversar com uma amiga minha, ela me revela algo que me deixou surpreso.

"Tiego, acho que eu tô... err... apaixonada... por um menino acolá..."

"Sério? Que coisa boa! Mas, peraí, faz pouco tempo que o seu ex-namorado terminou com você, pensei que ainda estivesse se recuperando do acontecido..."

"Tiego, eu nesse período aprendi que pra ser feliz eu não preciso de outra pessoa. Tá, o amor, a companhia, o carinho e até mesmo as brigas são coisas que fazem parte de um relacionamento e, digamos, apimenta-o. Mas quando você está dentro do acontecido você não consegue perceber que não se deve abdicar dos amigos, do tempo pra você, como se todo o tempo livre que você tem disponível fosse para o seu amado ou amada.
E esse é o ponto fraco dos relacionamentos hoje em dia: por ser tudo tão liberal e normal, os casais se acomodam e ficam como que ‘namoridos’ e isso não é bom. Sou prova viva disso.
Tá, eu também sei que é bem difícil quando se é tão apegada a pessoa, mas deixá-la não é o fim do mundo. Passei bons bocados até perceber que eu tinha que me amar, que não precisava estar implorando pra alguém voltar pra mim, eu tinha que estar bem comigo mesma.
Enfim, melhor remédio mesmo pra esses sofrimentos é se apegar às pessoas que nos fazem bem e fazer atividades que tomem o máximo de seu tempo. E o que realmente cura é o tempo mesmo, nada como o tempo para mostrar pra gente o que vale realmente a pena...”

“UAU QUE LINDO”

Bom, agora esta jovem provavelmente está aproveitando o que a vida tem de bom com este outro alguém, que fará ela feliz (espero), bem mais do que o ex-namorado, que, apesar de ter proporcionado momentos felizes, a fez sofrer bastante. Mas como se pode ver, ela tirou disso tudo algumas lições que com certeza irá levar pra vida toda.

Entonces, coloquei dois casos diferentes que tem um assunto em comum: o amor. Ah, o amor... essa coisa que só quem já sentiu sabe dizer mais ou menos o que significa, porque explicar com certeza ninguém sabe. Cabe a nós, meros mortais, viver e aprender a lidar com o amor e com tudo o que ele representa.




Quero terminar esta postagem com um trecho de um poema de Florbela Espanca, poema este que foi também musicado pelo cantor Fagner. Ele mostra a grandiosidade de um amor verdadeiro, de uma forma profunda e sensível.

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida...
(...) 


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