quinta-feira, 3 de maio de 2012

O falso sequestro da Thayza (e meu também)


Meus queridos amiguinhos, algo que assusta a população das grandes e pequenas cidades hoje em dia são os falsos sequestros, ligações geralmente provenientes de dentro de presídios, onde meliantes usam as pessoas honestas aqui fora para se aproveitar e arrancar dinheiro delas a qualquer custo. Isso é bem comum, e já aconteceu com minha querida amiga Thayza Vieira, e, porque não dizer, comigo também. Bom, seria cômico se não fosse trágico. Seguinte:

2009, dezembro. Clima de Natal no ar. Pisca-piscas piscantes piscavam em todos os lugares, como é de costume nas cidades. A Thayza me liga, triste ainda pelo fim do namoro, querendo uma palavra amiga. Eu a chamo pro cinema. Vamos pro North Shopping. Centenas de milhares de pessoas se amontoando nas filas pra assistirem um filme. Eu tentando convencê-la de que Xuxa e o Mistério de Feiurinha não era um filme bom.



Eu disse:

"Nesse filme, a Sasha luta contra cobras, animais peçonhentos, bruxos, monstros, ou seja: seu ex em todas as cenas."

"Mas é melhor do que todos esses outros filmes românticos que estão em cartaz. Vai, vai logo comprar essas entradas!"

"O que é que o cara ali do caixa vai pensar quando me ver comprando ingresso pro filme da Xuxa? Vou puxar qualquer criança que tiver passando e chamar de filhinho querido só pra eu não pagar mico."

"AH TIEGO DEIXA DE CONVERSA E VAI LOGO!"

Ainda consegui convencer a jovem recém solteira a assistir um outro filme, uma comédia romântica, "Encontro de Casais", se não me engano. Compramos as entradas, entramos na sala, ligamos para nossas mães avisando que estávamos no cinema um com o outro, e começamos a ver o tal filme.





Meia hora depois, mais ou menos, o filme estava até engraçadinho, era uma espécie de programa de casais, onde 3 casais (acho) iam para uma ilha paradisíaca realizar vários testes e aulas práticas para salvar os seus casamentos. Um cara lá estava mostrando a bunda pros casais (não lembro direito do filme, acho que era isso, sei lá) quando minha mãe me liga.

*voz tensa* "Tiego?????????????????????"

*falando baixinho* "Oi, mãe"

"Menino, PELAMORDEDEUS, ONDE É QUE TU TÁ?"

"Uéééééé, tô no cinema, como eu tinha avisado antes!"

"E a Thayza?"

"Tá aqui também"

"E tá tudo bem?"

"Tá, ué!"

"Pois a mãe da Thayza quer falar com ela, passa aí pra ela! LIGEIRO!"

Eu sem entender nada, passo o celular pra Thayza. Eu digo: "Ei, minha mãe, ops, sua mãe quer falar contigo." Ela: "Valha, minha mãe, junto com a tua, pra falar comigo? Me dá aí o celular."

"Alô?"

*voz de choro* "THAYZA, MINHA FILHA, ONDE VOCÊ ESTÁ???????"


"Mãe, calma mãe, eu tô aqui, no cinema, com o Tiego! O que aconteceu?"


"Minha filha, você num foi sequestrada não?"


"Eu? Não!"


"THAYZA VEM PRA CASA AGORA PELAMOR DE DEUS VEM LOGO!!!!!!!!!!!!!!!!!"


"Tá, tá bom!"


Desliga o telefone. Eu pergunto se tá tudo bem. Ela:

"TIEGO, EU FUI SEQUESTRADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"





"Oi? Só se for por mim, né." *risos* "Peraí, é sério? Mas tu tá é aqui comigo! PERAÍ, TU TEM UMA IRMàGÊMEA, É ISSO MESMO?" *viajando na maionese*


"Tiego, vamo embora agora, acho que aconteceu alguma coisa lá em casa, vem, vamo logo!"


A  gente saiu do cinema quase correndo. Até o cara que fica na porta levou um susto pensando que nós eramos ladrões. A porta em que nós entramos não abria mais. Atravessamos a sala. Minha cabeçona passando no meio da tela do filme. A outra porta do outro lado também não abre. "AAFFF TAMO PRESO DENTRO DESSA SALA, É", pensei. Atravessamos a sala de novo, minha cabeçona na tela de novo. O lanterninha nos ajuda a sair olhando pra gente como se estivessemos com diarréia correndo pro banheiro.

Eu tento ligar pra minha mãe, ela nervosa, num entendo nada do que ela diz. Igual com a mãe da Thayza. Entramos no primeiro ônibus que vimos, e tava tão lotado que eu pensei que se os tais sequestradores quisessem mesmo pedir um resgate em troca da gente,  a única coisa de valor que eu tinha no momento era o meu Passcard (POW GENTE, ERA FIM DE ANO NÉ, E AINDA TEM AQUELE MONTE DE AMIGOS SECRETOS, O $$$ ACABA JUNTO COM O PANETONE).





No caminho, vamos entendendo aos poucos o que aconteceu, e quando chegamos em casa compreendemos tudo: um fí-di-quenga ligou pra casa da Thayza dizendo que estava com ela refém (uma mulher grita ao longe 'mamãe! mamãe!'). A mãe da Thayza, Dona Iara, se desespera logo (nessas horas é comum a pessoa achar qualquer voz parecida com a de seus familiares) e tenta negociar com o 'sequestrador' tentando ao mesmo tempo ligar pro celular da filha pra saber onde ela estava, afinal. Só que a Thayza colocou o celular dentro da bolsa, que estava na poltrona ao lado da dela no cinema. Ela nem percebeu que sua mãe estava louca ligando pra ela.

A dona Iara deixa o pai da Thayza na linha negociando com o marginal e corre lá pra minha casa, que é na outra rua, pra falar com a minha mãe sobre o sequestro; se nós estavamos juntos, então eu também tinha sido sequestrado. Imaginem o drama quando ela disse isso pra minha mãe. Um chororô medonho. Minha mãe liga toda se tremendo pra mim, atendo o celular e não entendo nada. Aí o resto vocês já sabem.




Sério, foi horrível, a pressão da dona Iara subiu, minha mãe chorou horrores, a rua toda praticamente estava lá na minha casa, foi um zuada só. A situação só acalmou quando a gente finalmente chegou em casa. Depois de tudo explicado, todos nós ficamos felizes por ter sido um golpe que não deu certo e rimos, de toda essa situação que o mundo moderno infelizmente nos proporciona.



INFORMAÇÕES ADICIONAIS: O cara ligava a cobrar, era mal-educado e cobrou 10 MIL REAIS pelo resgate. GENTE? Ficamos analisando: Poxa, tamo valendo pouco, hein! 5 mil conto pra cada um, égua! Pensamos se isso tudo não foi plano maligno do ex dela (até hoje ainda não sabemos, mistéééério), e depois nós ficamos pensando como pagaríamos esse resgate: a Dona Iara ia no emprego da Thayza pedir pro chefe dela um adiantamento de salário de uns 50 meses, minha mãe ia pedir no meu também, só que de uns 100 meses, elas iam jogar no Totolec Show com muita muita muita fé, enfim...

Beijos e muito cuidado, hein.

Nenhum comentário:

Postar um comentário